segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Conto de Carnaval: o portugues e a cabocla

Seu nome era Antonio Felisberto Madeira de Melo um português legitimo, de Lisboa. Ele
estava passando o carnaval na Bahia, em Salvador. Se hospedava no Hotel da Bahia, no Campo Grande, ocupava um quarto 4ºandar, seu quarto descortinava para a praça do Campo Grande. Era um domingo de carnaval, cinco horas e quarenta minutos, e ele teve a visão mais, maravilhosa de sua vida, andando na praça, a morena, mais linda do mundo, cabelos longos negros como o azeviche, fantasiada de índia.
O que lhe chamou a atenção era o fato de que a praça estava fechada por tapumes de madeira, e ela estava lá dentro andando livremente... Antonio deixou imediatamente o quarto do hotel e com a fantasia dos Filhos de Ghandi foi até o porteiro da praca, Seu Osvaldo que guardava a entrada dos tapumes. Deseperadamente lhe disse que precisava urgentemente entrar na praça. Seu Osvaldo lhe disse que não tinha permisao de deixar ninguem entrar ... mas ele com uma nota de cinqüenta reais na mão venceu todos os escrúpulos de seu Osvaldo.
Entrou na Praça e a viu linda como um anjo, pele morena um cabelo negro longo e brilhante, olhos pequenos e negros, vestida com uma fantasia de bloco de índios, Apaches do Tororó, Comanches... era maravilhosa, aos pouco ele foi se aproximando, e ela desconfiada o olhava de soslaio. Qunado ele começou a falar ... com seu sotaque ela não só parou onde estava como o escutou.
Ele falou de si, de como se enamorara dela ao vê-la da varando do hotel, convidara , para lhe mostrar o carnaval da Bahia, que ele só ouvira falar, que pesquisara na internet, por isso identificara sua fantasia, etc.
Depois de se derramar todo, ela lhe disse que saia os três dias de carnaval sempre as dezoito horas e que só brincava até a meia noite e que preferia sair sozinha, que tinha trabalho a fazer no outro dia, mas Antônio não a escutava, falou de seu amor,ajoelhado aos seus pés recitou poemas de Fernando Pessoa:
Porque quem ama nunca sabe o que ama..Nem sabe porque ama, nem o que é amar...Amar é a eterna inocência, E a única inocência, não pensar...até que ela se cansou e sentaram no banco da praça, ele quis saber tudo sobre sua vida.
Enquanto isso lá fora o carnaval corria solto.
Amanhecia quando Seu Osvaldo se lembrou do português que tinha entrado no cercado e foi lá dentro e o encontrou dormindo sozinho no banco da praça; pensou: esses gringos são esquisitos, com uma cama boa no hotel, dorme logo aqui eu hein, acordou o portuga que saiu desconfiado e se foi pro hotel da Bahia.
Antonio não conseguiu pensar em outra coisa... só na morena durante o dia... não se lembrava quando adormecera na noite anterior, nem quando ela saíra, ela nem lhe disse o nome, passou o dia todo olhando da varanda do hotel para a praça do campo Grande, só via o vigia, e as pessoas do lado de fora do tapume, ouvia o som dos trios elétricos, perdeu o apetite, será que eu iria vê-la outra vez? Pensava.
No mesmo horário da segunda de carnaval ele a viu no mesmo lugar não pensou duas vezes, e se foi, seu Osvaldo o reconheceu e disse que desta vez não poderia deixa-lo entrar tinha ordens pra isso, mas duas notas de cinqüenta o fizeram ficar cego e o portuga tornou a entrar na Praça. Não precisa nem dizer que ela estava linda, porque ele não tirava os olhos de cima dela, que insistia que tinha que trabalhar no outro dia e que queria brincar pelo menos a segunda de carnaval, ele mais uma vez insisti que ela saísse da praça com ele que tinha um abada do Chiclete e que ela brincaria com ele que ele pagaria tudo que estava disposto ate casar com ela etc. então começou a recitar seus poemas que fizera para ela durante o dia: Queria que fosses feliz, Que andasses livre, Que dormisses calma, Que sua alma , descansasse, Em paz, No meu país. Que corresses livre, Nos prados, campos. Que teu encanto infantil, Pudesse fecundar Sempre os sonhos Das crianças, Que sorrisses sempre E que sempre amasses, Que não tivesses pedras no caminho...Que todo espinho fosse arrancado, Para que pissasses, com teus pés de princesa, E o belo, o macio, a beleza, Continuasse, Sempre aqui. É o que eu sempre quis, Que fosses feliz.
Mais uma vez ela desistiu de brincar e sentou no banco da praça.
Quando seu Osvaldo entrou encontrou mais uma vez o portuga deitado dormindo no banco, ficou penalizado; tão rico cheio de dindin e tão besta nem brincar o carnaval ele brinca, com toda complacência acordou o gringo que se foi pro hotel.
Na terça ele quase enlouqueceu de tanto pensar em como conquistar a morena. Pensou tenho um convite para um baile à fantasia no Yate Club, ela pode até entrar com sua fantasia de índia. Em vez de Fernando Pessoa ou meus poemas vou declamar poetas brasileiros, é vai ser assim, e esperou na varanda a chegada dela.
No mesmo horário ele a viu, o coração só faltava disparar de tanta emoção, vou pedi-la em casamento hoje, vou levá-la pra Portugal, vou dar-lhe tudo hoje essa rapariga não me escapa! Ele se vestiu com apuro, usando uma garbosa fantasia de fidalgo português, pensou só em brincar no baile do Yate Club com ela sua princesa índia.
Seu Osvaldo, nem tava pensando em pedir nada ao portuga, mas ele já veio com três notas na mão ai seu Osvaldo não disse nada apenas abriu o portão e ele entrou.
Ela estava parada com uma cara desanimada, sabendo que perderia, mas um dia de brincadeira, o ultimo dia..., ele começou pedindo-a em casamento. Dizendo ser dono de uma fortuna incalculável, que vinha de família muito rica, e que seus ancestrais tinham tido muitos negócios, em Macau, em Goa e inclusive no Brasil, e que ele a amava, que viveriam num castelo em Portugal servidas por quantas criadas ela desejasse.... e para provar que conhecia bem o Brasil e que o amava ele recitaria um poema bem brasileiro:
Oh, musa do meu fado Oh, minha mãe gentil Te deixo consternado No primeiro abril Mas não sê tão ingrata Não esquece quem te amou E em tua densa mataSe perdeu e se encontrou Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal Ainda vai tornar-se um imenso Portugal ``Sabe, no fundo eu sou um sentimental Todos nós herdamos no sangue lusitano uma boa dose de lirismo Mesmo quando as minhas mãos estão ocupadas em torturar, esganar, trucidar Meu coração fecha aos olhos e sinceramente chora...'' Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal Ainda vai tornar-se um imenso Portugal! Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal ! Ainda vai tornar-se um imenso Portugal.
Seu Osvaldo nem se deu o trabalho de entrar ...porque logo os funcionários da Prefeitura iriam retirar os tapumes o carnaval tinha terminado...
Logo depois do meio dia os transeuntes que voltavam ao trabalho na quarta feira de cinzas viram um folião vestido de fidalgo portugues caído dormindo no banco da praça alguns curiosos se aproximaram, um deles notou que ele não respirava, e ao virá-lo viram que tinha uma flecha indígena enterrada no peito, ao olhar para cima para o Monumento a cabocla estava olhando pra baixo sorrindo.
Daniel Silva Gomes

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