Nessa noite, dia 17 de fevereiro de dois mil e nove tive uma experiência, literariamente marcante, vi e senti a ressurreição de Varejeira... sim o Varejeira, o personagem criado por Jô Soares em “ O Assassinato na Academia Brasileira”.
Vou contar o episodio:.
Naquela noite, eu ia para a cidade de Porto Seguro na Bahia, de ônibus, alias eu iria no dia seguinte, mas antecipei a viagem..., me despedi de meu filho na estação rodoviária, e entrei no ônibus, procurei meu lugar, poltrona 16, lá estava ele, (eu ainda não sabia que era ele, o Varejeira) sentado na poltrona 15, quando ele me viu aproximando olhou-me com uma certa hostilidade, afinal, eu iria ser a frustração de uma viagem com uma bela jovem turista ao seu lado. Logo eu um velho, cinco ponto cinco, sentado ao seu lado um velho de seis ponto seis .
Não sei se vocês sabem nada melhor para um coroa... para um velho do que viajar ao lado de uma jovem, onde poderia através de pigarreios... pedido de horas... comentários sobre o tempo... ou sobre a vigem começar uma longa conversa agradável até o sono sobrevir a ela, ele ter o prazer de sentir seu cheiro, e quem sabe até bolina-la, etc.
Mas ai entra eu e desmancho seu sonho.
A principio o Varejeira fez questão de abrir bem os braços, para tirar todo meu espaço no braço da poltrona que nos separava.
Quando o ônibus partiu e um filme começou a ser exibido, ele pegou o fone de ouvidos e se concentrou no filme me esquecendo, o filme Mulheres Perfeitas com a Nicole Kidman sobre uma sociedade perfeita onde as mulheres, eram perfeitas até que ela entrou e bagunçou tudo com seu ceticismo.
A essa altura o ar condicionado fez o Varejeira sentir frio e ele pegou o cobertor e se cobriu... eu cansado dormi, quando acordei os créditos do filme aparecia na tela da TV, e ele o Varejeira dormia ao meu lado...
De repente algo me fez o identificar, era ele Varejeira...ele baforou pro meu lado e eu senti aquele bafo que segundo Jô derrubava urubu em pleno vôo, e dobrava a esquina.
A principio eu pensei que era um eflúvio passageiro, depois foi impregnando todo meu lado da poltrona, então virei-me e na poltrona... ao lado estava uma jovem mãe com seu filho... que deve ter pensado, esse coroa é bem ousado não para de me olhar !
Quando vi que a direção do mau cheiro viria sempre pra mim desisti de dormir levantei a poltrona e fiquei sentado reto, melhorou um pouco.
Eu estava tão cansado que cochilava, quando acordava sentia o horrível fedor em minhas narinas.
Nestas horas o mecanismo de defesa começa a trabalhar. Eu pensava: eu podia ter uma injeção de tranqüilizante para fazer o Varejeira desmaiar, depois a lógica dizia se ele desmaiar a situação piora; depois pensava num veneno injetável, mas ai na autopsia, iam descobrir que ele morreu envenenado no ônibus, pelo ticket saberiam quem viajou ao seu lado, e eu seria preso; pensei me como um policial numa blitz expulsando-o do ônibus por atentado ao patrimônio particular dos passageiros, mas o único incomodado... com o patrimônio particular ofendido sou eu e meu nariz, não daria certo.
A próxima parada do ônibus era a de cidade Santo Antonio de Jesus, eu tinha esperança de que (varejeira ) com letra minúscula, voasse por lá desinfetando o ônibus. Esperei com vivida expectativa e que felicidade quando o ônibus entrou na estação rodoviária de lá chegou...saltei feliz esperando o vôo do inseto... esperei tomei um café, e vi desesperado que o inseto voltaria pro ônibus.
Na plataforma ele ficou me olhando meio de soslaio medindo-me de cima a baixo e se medindo, ele era baixinho eu tenho um e setenta e cinco mais uns quatro centímetro de meu tênis olímpico com amortecedor, ele deve ter me achado grande, tanto que no ônibus ele já não abriu as asas no braço da poltrona, ficou encolhido no seu canto.
Quando ônibus partiu de Santo Antonio, minha esperança estava a umas três horas de viagem á frente em Itabuna.. não precisa nem dizer que continuava pensando nas soluções mais bizarras para resolver o problema sanitário ao meu lado, entre um cochilo, e uma baforada eu ia resistindo bravamente a pestilente presença do inseto.
Ao chegarmos a Itabuna a frustração foi maior porque nem o inseto desinfetava o ônibus , nem os passageiros que normalmente soltam lá e deixam lugares deliciosos para os remanescentes, soltaram e o ônibus continuava completo, é o carnaval em Porto Seguro segurou todo mundo dentro do ônibus, e o inseto continuou a viagem ao meu maldito lado.
Desisti de sonhar com o seu extermínio e procurei me concentrar em meu plano para quando chegasse e Porto, tomar um banho demorado, desinfetar-me bem e dormir o dia inteiro.
Nas cidades à frente o inseto continuava no ônibus.... baforando.
Maldisse a hora em que troquei a passagem do dia dezoito para o dia dezessete... talvez no dia dezoito tivesse o prazer de sentar junto a uma jovem turista... e quem sabe essas palavras que hora escrevo tivessem sido escritas por outro otário.
Pois é espero que as autoridades sanitárias de Porto Seguro tenham exterminado o inseto, pra não contaminar e estragar o famoso carnaval de Porto.
Quanto a você Jô, vê se não cria mais personagem tão sujo e tão marcante.
*19 de fevereiro 2009
Daniel Silva Gomes
sábado, 29 de agosto de 2009
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